Arregando

Depois de pouco menos de 6 meses no ar, mais de 1.000 postagens publicadas e cerca de 25.000 visualizações, o blog do Anderson está encerrando hoje suas atividades.

Nesse curto espaço de tempo tentamos analisar de forma mais aprofundada os fatos que compõem nosso cotidiano, fizemos críticas, muitas vezes duras, à nossa classe política, além de, é claro, revelarmos as idiossincrasias da "alta" sociedade paraibana.

Trata-se de um parto prematuro, é verdade, gerado a partir do atraso político-cultural no qual se acha esplendidamente imersa a sociedade paraibana, da qual faço parte, inclusive.

Nem todos os partos realizados nessas condições conseguem entregar à luz a vida que colocariam no mundo. Neste caso, terminou sofrendo o blog um aborto espontâneo, decorrente de fortes doses de ceticismo e de arroubos de vaidade.

Sempre achei que a vida fica muito chata quando perdemos a capacidade de rirmos de nossos erros e limitações. Eu mesmo adoro zoar da minha falta de traquejo para o trânsito. Orgulhosamente já fui serial killer de veículos, que só foram salvos pelo poder de ressurreição da injeção eletrônica.

Mas nem todos pensam assim. Resta-me a mim, como bom democrata que sou, respeitá-los, como, aliás, sempre me portei no blog, nunca apagando comentários que me dirigissem críticas.

Minha pouca experiência na vida me fez crer que há tempos para semear e outros, de colheita. Meus valores foram todos semeados aqui: a sinceridade, o compromisso com a coisa pública, o senso crítico (e autocrítico), o respeito ao contraditório e à opinião adversa, dentre outros.

No entanto, numa sociedade tão superficial como a nossa, em que a conjugação dos verbos ter e poder é mais prazerosa do que a do ser, eu não poderia colher frutos saborosos.

O medo é um sentimento presente em qualquer animal, racional ou não. Na espécie humana geralmente é associado à ideia de covardia.

Enganam-se aqueles que acreditam na tese de que sentir medo é ser covarde. Ser covarde é, na verdade, mudar seus valores diante de pressões. É usar-se de uma situação de superioridade para sufocar pensamentos que não agradam. É encher-se de água por todos os lados apenas para transformar sua vida numa confortável ilha, sem necessitar transitar para outros pontos do continente.

Sentir medo, sim. Ser covarde, jamais.

Obrigado a todos aqueles que me fizeram crer que posso ser alguém melhor; alguém que pode, com a benção e a decisiva intervenção de Deus, subir na vida usando a própria escada, sem precisar tomar à força a dos outros ou mesmo derrubar outros que já estão subindo, apenas para pegar-lhes os lugares.

Um abraço, pessoal. Vocês foram sensacionais.